Tem dificuldade em ter foco, desligar-se de tecnologias e realmente estar concentrado? Hoje trazemos uma reflexão de António Vilaça Pacheco, que nos fala deste desafio cada vez mais presente nos dias de hoje.
As distrações estão por todo lado. Não sei se foi sempre assim na história. Calculo que houvessem sempre motivos de distração e desfoque. Mas tudo o que leio, leva-me a crer que a atenção é a nova forma monetária no mundo atual. Até pela forma como muitos serviços cobram a nossa atenção em vez de nos cobrarem valores monetários.
Nesta era de (des)atenção, a nossa capacidade de nos concentrarmos numa única tarefa durante um período prolongado de tempo está a tornar-se uma coisa cada vez mais rara. E acreditem… é mais importante do que nunca.
Muito do que faço exige criar e criar exige foco. Alguns poderão pensar: mas qual é a ligação entre o António e a produtividade? Eu explico…
Desde muito novo sofro daquilo que eu gostaria aqui de chamar “desatenção crónica”. Este termo não existe ou pelo menos eu nunca o li em lado nenhum. (se o plagiei desculpo-me desde já, mas não foi intencional e não vou agora perder-me – distrair-me – a pesquisar no google se existe ou não.) 🙂
Não quero afirmar que tenho algum distúrbio… todos temos. O facto é que a atenção prolongada sempre foi algo difícil para mim. E a verdade é que para chegar onde estou, precisei de aprender a lidar com algumas das minhas características que me eram mais limitadoras e que me impediam (ou dificultavam) o acesso aonde eu queria chegar. Ao longo da vida fui procurando encontrar formas de “fintar” estas limitações. Consegui umas, tento outras e falho outras… mas sobre a atenção e a produtividade acredito poder partilhar aqui algumas coisas que (se me serviram a mim) poderão servir também a ti.
Mas hoje não vamos falar de transformação. Vamos falar de como nos protegermos do mundo de distrações.
Hoje vou falar de algumas práticas me ajudam a manter o foco:
Definir limites nas interações digitais
Tenho horários específicos para verificar emails (e processá-los em lote), bem como para as redes sociais, para que não interrompam constantemente o meu dia com notificações. Eu não acredito no trabalho reativo nem em ser espectador como forma produtiva. Então estas tarefas devem ser claramente regradas para garantir que não ocupam mais espaço do que devem na minha vida.
Criar um ambiente livre de distrações
É importante ter um espaço de trabalho que favoreça a concentração. Tento manter a minha secretária limpa e organizada e uso auscultadores com cancelamento de ruído para bloquear distrações ou música apenas para me manter dentro da minha cabeça. Às vezes uso phones só para ninguém falar comigo. (não estou a ouvir nada). Também procuro espaços diferentes para trabalhar conforme o tipo de trabalho que faço. Não trabalho sempre no mesmo local.
Praticar mindfulness e meditação
Aprendi que alguns exercícios que faço diariamente são afinal mindfulness. A meditação é uma coisa muito versátil e cada um defende o seu caminho. Quando estou numa fase boa, consigo fazer 2 exercícios frequentes – profundas reflexões de presença sobre a minha vida, e sentar-me em silêncio a observar uma paisagem qualquer.
Limitar a ingestão de novas informações
Rejeito quase toda a informação que vem de fora e que não tomei a iniciativa de procurar proativamente. Provavelmente, já temos tudo o que precisamos para ter sucesso na tarefa em mãos. Mais pesquisa pode tornar-se uma distração. Por vezes trabalho com papel e caneta. Sem tecnologias.
Realizar uma tarefa de cada vez
Há uns anos havia a moda de que “multitasking é que é bom”. Esqueçam isso. Já é difícil fazer uma coisa bem… quanto mais várias ao mesmo tempo. A sensação de que se está a fazer mais quando se faz multitasking é uma ilusão. Isso só fragmenta ainda mais a nossa atenção. Em vez disso, concentrem-se numa tarefa de cada vez. Mergulhem com significado e tornem excelente uma tarefa normal.