Estivemos à conversa com António Vilaça Pacheco sobre o presente e o futuro da aprendizagem e a fundação da School of Self.
É o nome responsável pela School of Self. António Vilaça Pacheco emerge como uma figura multifacetada cujo percurso abrange uma década de envolvimento na criação de conteúdos visuais e interativos. Com uma jornada de mais de 20 anos no mercado livreiro e editorial, António Vilaça Pacheco decidiu fundar a Editora Self em 2013 e, desde então, a sua trajetória voltou-se também para o digital.
Não é só o responsável por um dos podcasts de maior sucesso em Portugal, como procurou tornar a aprendizagem digital mais robusta e vocacionada para as necessidades do seu público. Para o autor, a School of Self é muito mais do que uma plataforma que se veio adaptar ao cenário da pandemia, altura em que se desenvolveu. Este é um espaço em permanente mudança, com foco essencial na aprendizagem contínua e no desenvolvimento pessoal para fornecer conhecimento e promover uma atitude de crescimento constante. Para António Vilaça Pacheco, a School of Self vai além das fronteiras convencionais do e-learning.
De facto, há um compromisso de António Vilaça Pacheco em prolongar a School of Self ao âmbito empresarial, com a oferta de uma abordagem B2B especificamente pensada para empresas e instituições públicas. A ambição é clara: criar um impacto significativo ao proporcionar equidade e oportunidades a todos os que procuram integrar o desenvolvimento pessoal nas suas vidas. Foi com esse princípio que falámos com o nosso fundador, para que todos os portugueses possam conhecer a abordagem proativa da School of Self em enfrentar os desafios contemporâneos com resiliência e dedicação.
António, será que nos poderia contar mais sobre a origem e a inspiração para a fundação da School of Self?
Há 20 anos que trabalho na criação de conteúdos. Sempre senti uma ligação forte com conteúdos visuais e interativos, talvez pela minha própria forma de aprender ou absorver informação. Em 2010 cheguei a contratar uma pessoa com o objetivo de criar um departamento diferente na minha editora na altura. Mas acabámos por crescer tanto no setor livreiro que fomos todos absorvidos por esse crescimento e os novos projetos foram ficando em stand by.
Quando em 2013 criei a Editora Self foi sempre com o objetivo de sermos um multicanal. Na altura inclinámo-nos até para o presencial, criando o Cowork da Praia, onde desenvolvíamos formações presenciais.
Infelizmente ou felizmente, a pandemia mostrou-nos que esse projeto não era para onde o mundo estava a caminhar e sentimos que todo o trabalho de crescimento foi destruído em meses. Então durante o lockdown, construímos e materializámos num plano concreto e definido, tudo o que seria a nossa versão digital. Hoje, com ferramentas muito mais evoluídas, quer pela nossa capacidade digital quer pela nossa capacidade de investimento.
Qual é o principal objetivo da School of Self e de que forma gostaria que a plataforma impactasse os portugueses?
O nosso objetivo é trazer equidade e oportunidade a todos, para integrarem o desenvolvimento pessoal nas suas vidas. Falamos de crescimento pessoal e de integrar uma atitude de aprendizagem contínua. O tal “Life Long Learning” que já todos percebemos que é a única forma de podermos “sobreviver” num mundo que se altera todos os dias e que nos deixa obsoletos e insatisfeitos se não evoluirmos com ele.
Digamos que o mundo evolui como defende a lei de Moore. De forma cada vez mais rápida e exponencial em todos os campos. Aprender e obter conhecimento é a única forma de nos mantermos à frente dessa reta de crescimento, sendo inclusive a melhor forma de podermos viver com mais conforto. O nosso desconforto nasce com desafios com os quais não sabemos lidar e deixa de ser desconforto com a nossa aprendizagem, na forma como lidamos com eles.
Sobre o nosso impacto, somos ambiciosos. Acredito que podemos ter mais impacto. Mas falar disso agora seria falar do que ainda não fizemos e sinto que isso é prejudicial para todos. Para nós e para quem nos conhece. Prefiro convidar-vos a ficarem por perto e ver o que estamos a criar. Inscrevam-se na plataforma, experimentem e usem. Dêem feedback. Porque é assim que vamos crescer.
Que tipos de pessoas se poderão juntar à plataforma?
Essa é uma das nossas características diferenciadoras. Somos uma plataforma de formação B2B. O nosso foco são as empresas e organizações onde acreditamos que podemos trazer uma visão diferente sobre a formação: a formação no crescimento pessoal.
É a nossa área de trabalho há mais de 10 anos e onde temos tido grande sucesso. Mas temos também a nossa versão B2C onde pessoas individuais podem aprender com os nossos recursos. Quando dizemos que queremos ser um elevador social, estamos a falar sobre isso mesmo: todas as pessoas podem usar a School of Self como ferramenta.
Num mercado tão competitivo da formação digital, de que forma a School of Self se diferencia das outras plataformas de e-learning?
Estamos habituados a funcionar com concorrência. O mercado editorial é muito concorrencial e temos alguns grupos económicos de peso a concorrer connosco há muitos anos. Nunca vivemos obcecados com isso. Na realidade, acredito que vamos sempre continuar a concorrer connosco e não com terceiros.
Criámos a School of Self com base no que somos e no que representamos. Vivemos profundamente estes conceitos. Não os criámos porque estão na moda. Quando se começou a falar de crescimento pessoal ou aprendizagem ao longo da vida, já cá andávamos há muitos anos. As pessoas sentem isso e sabem que é diferente.
Nós não somos uma plataforma de e-learning. Somos uma ferramenta para o crescimento pessoal. Vamos muito para lá da plataforma. Somos um braço dos Recursos Humanos das empresas, com foco nas suas pessoas e na formação. Fazemos a total integração e levantamento da formação para as organizações. Gerimos e acompanhamos este departamento ao longo do ano e usamos métricas para medir e conseguir melhores resultados. Trabalhamos para a criação de uma cultura de aprendizagem, que acreditamos irá afetar toda a empresa e a forma como ela funciona interna e externamente.
Sendo alguém com uma vasta experiência no mundo dos negócios, quais são as soft skills que considera mais importantes para evoluir profissionalmente?
Eu não acredito em soft skills ou hard skills. Acho que, por vezes, precisamos de etiquetar coisas para as tornar mais simples e podermos conversar sobre elas. Mas se não estivermos atentos podemos perder-nos. As empresas são na realidade pessoas. E, acima de tudo, a forma como elas aprendem a organizar-se e a funcionar entre si. Aquilo que precisamos para poder evoluir profissionalmente é a mesma coisa que precisamos para evoluir pessoalmente. É indissociável. Não serve de nada aprendermos excelentes skills que só funcionam em contextos específicos. Porque assim que retiramos esses contextos passamos a ser novamente iliterados e incapazes.
O que é relevante e traz consequência material para a nossa vida é crescermos nas nossas capacidades humanas. Como um todo. Termos maior espírito crítico, capacidade de análise e, eventualmente, tomarmos melhores decisões. E isso não é algo que se ensine num curso ou com uma soft skill. A nossa mente é bem mais complexa. Só esta ideia de crescimento pessoal pode trazer isso. Pode parecer estranho, mas às vezes gosto de dizer que até a culinária pode fazer parte do crescimento pessoal.
Hoje existem alguns indicadores que são importantes e que as empresas podem sentir maior dificuldade em encontrar nos colaboradores. A resiliência por exemplo. A capacidade de nos mantermos quietos. Estamos demasiado treinados para REAGIR. E não para AGIR. Precisamos de parar, pensar e depois agir. Agir em consequência de um processo interno e não como resposta a um estímulo externo. Este skill é altamente trabalhável e traduz-se em valor para uma organização.
A School of Self oferece também curadoria orientada para empresas e instituições públicas. Acredita que esta é uma maneira mais específica para tornar as soft skills uma linguagem corrente entre colaboradores e decision-makers?
A curadoria de conteúdos é uma forma de conseguirmos mostrar que a atitude de aprendizagem contínua pode ser conseguida quando unimos “critério” ao conhecimento. Como diz o Elon Musk, a informação de qualidade já existe e está ao alcance de todos. O que precisamos é de saber escolher.
Acreditamos que a nossa plataforma e a curadoria com base em mais de 10 anos de experiência que temos – quando combinadas com a nossa metodologia – pode contribuir significativamente para melhorar alguns dos indicadores que hoje as empresas precisam de melhorar. Quem tem colaboradores sabe os desafios de reter talento, atrair talento, gerir progressão das pessoas. É nisto que queremos ajudar. E usamos a curadoria como uma das várias ferramentas para o fazer.
Em 2018 escreveu o primeiro livro em Portugal sobre criptomoedas. Desde 2018, o que considera que mudou no panorama das criptomoedas? Que futuro podemos projetar para estas?
Muita coisa mudou. Especialmente a aplicabilidade e a aplicação real dos conceitos criados. O que não mudou foi a promessa. E é por isso que o meu livro apesar de ter tido ligeiras edições ao longo dos últimos 5 anos, continua completamente atual. Aquilo que nasceu com Bitcoin, é uma inovação filosófica. Uma proposta de alteração de mãos no poder do dinheiro, no poder financeiro e nos sistemas de pagamentos. O que eu dizia em 2018 tem “envelhecido” muito bem, porque há este registo de tudo o que eu disse que iria acontecer. Grande parte já aconteceu, outra poderá vir a acontecer nos próximos anos. Eu não sei o que o futuro nos reserva porque não tenho uma bola de cristal.
Mas a proposta das criptomoedas é uma alternativa interessante ao que conhecemos. E conforme vamos olhando para os acontecimentos políticos, globais e sociais, vamos percebendo ainda mais o interesse em podermos ter esta alternativa monetária. Há 2 semanas dei uma palestra numa conferência sobre o futuro: a Homo Curiosus. Onde o meu papel era prever o futuro da moeda de reserva mundial. Vejamos ou não uma mudança como sistema monetário, existem prós e contras. Precisamos de pesar tudo isto e perceber o que é melhor e como podemos aproveitar o melhor de cada coisa. Uma coisa é certa: não se vai fechar uma janela de conhecimento depois de aberta. Isto falando sobre a parte monetária. Se falarmos sobre a parte tecnológica, o futuro já está a acontecer. São milhares de empresas a implementar sistemas baseados em criptomoedas (tokens), que usam blockchains dos mais diversos tipos para aplicar em áreas onde vão inovar e criar eficiência. O investimento nesta área de criptomoedas é uma das maiores fatias do investimento total. Reforço que estamos perante a uma nova era, equivalente ao aparecimento da internet.
O António é também responsável pelo “Bitcoin Talks”. Quais os grandes desafios superados neste projeto?
O Bitcoin Talks é o podcast que criei em 2018. Às vezes brinco que é sobre tudo e até sobre criptomoedas. Porque na verdade gosto que seja um lugar de pensamento. E as pessoas percebem e gostam disso. Durante estes 5 anos estive entre os 10 podcasts mais ouvidos na área de negócios em Portugal. Não trazemos “dicas” ou “truques” para ser esperto e ganhar uns trocos. Se alguém procura “a próxima moeda que vai subir 200%, não vai encontrar isso no Bitcoin Talks.
A nossa perspetiva é de pensar sobre as coisas. Pensar sobre nós. Criar uma combinação melhor entre nós e o mundo. E usar a ferramenta financeira para isso. Fala-se de literacia financeira mas muita gente fica nas dicas. As dicas não vão mudar a nossa vida nem a nossa literacía. Isso é uma falácia. A literacia começa por ler mais. Também recomendo leituras no meu podcast. Acima de tudo acredito que ajudo a estimular o processo de pensar nas coisas. E depois, com base nisso, começarmos a criar uma coisa sólida.
Ao longo destes anos tenho recebido emails incríveis de pessoas que estão a mudar as suas vidas e que atribuem um papel ao Bitcoin Talks. Todos os dias recebo mensagens de apoio pela informação que trago e as perspectivas que ajudo a formar. Estou muito grato por isso.
É uma forma lenta mas sólida de criarmos valor em conjunto, eu e os meus ouvintes. Hoje temos a nossa comunidade “Bitcoin Talks”, com formações, workshops, encontros, comunidade 24h e troca de opiniões diária entre todos os membros. Tenho muito orgulho nesta “elite” de pessoas que está com a atitude certa de aprender e partilhar. E também a equipa que tenho hoje comigo, a quem também agradeço porque não consigo fazer todas estas coisas sozinho.
O que podemos esperar para o futuro da School of Self?
Trabalho, compromisso e dedicação. Podem esperar propostas que são pensadas para ter impacto.